segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O Ensino de Arte na educação escolar

As Diferentes Tendências e Concepções de Ensino

O ensino de arte no Brasil possui três grandes tendências conceituais, que, didaticamente, classificamos em: (1) Ensino de Arte Pré-Modernista; (2) Ensino de Arte Modernista; e (3) Ensino de Arte Pós- Modernista ou Pós-Moderno.

Dentro dessas tendências, vamos encontrar diferentes concepções de ensino da arte. Na Tendência Pré-Modernista, encontraremos a concepção de Ensino da Arte como Técnica; já na Tendência Modernista, vamos encontra a concepção de Ensino da Arte como Expressão e também como Atividade; e finalmente na Tendência Pós- Modernista, a concepção de ensino da Arte como Conhecimento.

http://www.anped.org.br/reunioes/30ra/grupo_estudos/GE01-3073--Int.pdf

Pintores como Cândido Portinari, Pablo Picasso, Kandisnky, Diego Rivera e Tarsila do Amaral foi muito interessante porque eles retratam a realidade

O ensino de arte cumpre um importante papel, pois o aluno consegue perceber não apenas a questão estética, mas de que forma o artista retrata suas idéias e visão de mundo por meio da obra de arte.

http://arteemvidro-mevaristo.blogspot.com/2008/05/tcnica-de-corte-do-vidro-em-curva.html video

http://caracol.imaginario.com/paragrafo_aberto/rml_arteduca.html

http://www.anped.org.br/reunioes/30ra/grupo_estudos/GE01-3073--Int.pdf

http://www.brasilescola.com/historiag/arte-michelangelo.htm

http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/banco_objetos_crv/%7B8F72EE35-7494-4B60-85B5-D477BB7BE6C3%7D_Concep%C3%A7%C3%B5es%20e%20conceitos%20contempor%C3%A2neos%20para%20o%20ensino%20de%20Arte.pdf

http://www.trabalhosfeitos.com/search_results.php?query=plano+de+aula+de+artes+sobre+o+nascimento+da+arte+ensino+de+पेदागोगिया

A Importância Da Arte Na Educação

A arte é uma forma do ser humano expressar suas emoções, sua história e sua cultura através de alguns valores estéticos, como beleza, harmonia, equilíbrio. A arte pode ser representada através de várias formas, em especial na música, na escultura, na pintura, no cinema, na dança, entre outras.

Após seu surgimento, há milhares de anos, a arte foi evoluindo e ocupando um importantíssimo espaço na sociedade, haja vista que algumas representações da arte são indispensáveis para muitas pessoas nos dias atuais, como, por exemplo, a música que é capaz de nos fazer felizes quando estamos tristes.
Ela funciona como uma distração para certos problemas, um modo de expressar o que sentimos aos diversos grupos da sociedade. A Arte é extremamente importante para o desenvolvimento global do Ser Humano, devendo ser trabalhada com liberdade e seriedade desde cedo em sala de aula. Fazer Arte é uma das mais ricas formas de expressão de nossos sentimentos. Auxilia, por exemplo, na facilidade (ou não) da expressão escrita, uma vez que esta requer muita imaginação. Falando-se em imaginação, fala-se também na capacidade de lidar com situações difíceis, de improvisar e muito mais. Por isso, a Arte deve ser incentivada e ter seu espaço em toda escola, pois desperta a capacidade de criação, nos alunos que colocarão em prática sua sensibilidade artística nas aulas programadas pelo currículo

http://www.trabalhosfeitos.com/minha-conta?from_join=1


O Que é Arte?

A arte é uma criação humana com valores estéticos (beleza, equilíbrio, harmonia, revolta) que sintetizam as suas emoções, sua história, seus sentimentos e a sua cultura. É um conjunto de procedimentos utilizados para realizar obras, e no qual aplicamos nossos conhecimentos. Apresenta-se sob variadas formas como: a plástica, a música, a escultura, o cinema, o teatro, a dança, a arquitetura etc. Pode ser vista ou percebida pelo homem de três maneiras: visualizadas, ouvidas ou mistas (audiovisuais). Atualmente alguns tipos de arte permitem que o apreciador participe da obra. O artista precisa da arte e da técnica para se comunicar.

Quem faz arte?

O homem criou objetos para satisfazer as suas necessidades práticas, como as ferramentas para cavar a terra e os utensílios de cozinha. Outros objetos são criados por serem interessantes ou possuírem um caráter instrutivo. O homem cria a arte como meio de vida, para que o mundo saiba o que pensa, para divulgar as suas crenças (ou as de outros), para estimular e distrair a si mesmo e aos outros, para explorar novas formas de olhar e interpretar objetos e cenas.

Por que o mundo necessita de arte?
Porque fazemos arte e para que a usamos é aquilo que chamamos de função da arte que pode ser feita para decorar o mundo, para espelhar o nosso mundo (naturalista), para ajudar no dia-a-dia (utilitária), para explicar e descrever a história, para ser usada na cura doenças e para ajuda a explorar o mundo.

Como entendemos a arte?
O que vemos quando admiramos uma arte depende da nossa experiência e conhecimentos, da nossa disposição no momento, imaginação e daquilo que o artista pretendeu mostrar.

O que é estilo? Por que rotulamos os estilos de arte?

Estilo é como o trabalho se mostra, depois do artista ter tomado suas decisões. Cada artista possui um estilo único.Imagine se todas as peças de arte feitas até hoje fossem expostas numa sala gigantesca. Nunca conseguiríamos ver quem fez o quê, quando e como. Os artistas e as pessoas que registram as mudanças na forma de se fazer arte, no caso os críticos e historiadores, costumam classificá-las por categorias e rotulá-las. É um procedimento comum na arte ocidental.

Como conseguimos ver as transformações do mundo através da arte?

Podemos verificar que tipo de arte foi feita, quando, onde o como, desta maneira estaremos dialogando com a obra de arte, e assim podemos entender as mudanças que o mundo teve.

Como as idéias se espalham pelo mundo?

Exploradores, comerciantes, vendedores e artistas costumam apresentar às pessoas idéias de outras culturas. Os progresssos na tecnologia também difundiram técnicas e teorias. Elas se espalham através da arqueologia , quando se descobrem objetos de outras civilizações; pela fotografia, a arte passou a ser reproduzida e, nos anos 1890, muitas das revistas internacionais de arte já tinham fotos; pelo rádio e televisão, o rádio foi inventado em 1895 e a televisão em 1926, permitindo que as idéias fossem transmitidas por todo o mundo rapidamente, os estilos de arte podem ser observados, as teorias debatidas e as técnicas compartilhadas: pela imprensa, que foi inventada por Johann Guttenberg por volta de 1450, assim os livros e e arte podiam ser impressos e distribuídos em grande quantidade; pela Internet, alguns artistas colocam suas obras em exposição e podemos pesquisá-las, bem como saber sobre outros estilos.
Estilo é como o trabalho se mostra, depois do artista ter tomado suas decisões. Cada artista possui um estilo único. Assim, Salvador Dalí tinha um estilo diferente de Picasso e de Tarsila do Amaral. Por esse motivo, a categorização de estilos e movimentos é importante.

sábado, 18 de junho de 2011

Ser Chik!!!

Por Glória Kalil

Nunca o termo "chique" foi tão usado para qualificar pessoas como nos dias de hoje.

A verdade é que ninguém é chique por decreto. E algumas boas coisas da vida, infelizmente, não estão à venda. Elegância é uma delas.
Assim, para ser chique é preciso muito mais que um guarda-roupa ou closet recheado de grifes famosas e importadas.
Muito mais que um belo carro Italiano.

O que faz uma pessoa chique, não é o que essa pessoa tem, mas a forma como ela se comporta perante a vida.

Chique mesmo é quem fala baixo.
Quem não procura chamar atenção com suas risadas muito altas, nem por seus imensos decotes e nem precisa contar vantagens, mesmo quando estas são verdadeiras.

Chique é atrair, mesmo sem querer, todos os olhares, porque se tem
brilho próprio.

Chique mesmo é ser discreto, não fazer perguntas ou insinuações inoportunas, nem procurar saber o que não é da sua conta.

É evitar se deixar levar pela mania nacional de jogar lixo na rua.

Chique mesmo é dar bom dia ao porteiro do seu prédio e às pessoas que estão no elevador.
É lembrar-se do aniversário dos amigos.

Chique mesmo é não se exceder jamais!
Nem na bebida, nem na comida, nem na maneira de se vestir.

Chique mesmo é olhar nos olhos do seu interlocutor.

É "desligar o radar", o telefone, quando estiver sentado à mesa do restaurante, prestar verdadeira atenção a sua companhia.

Chique mesmo é honrar a sua palavra, ser grato a quem o ajuda, correto com quem você se relaciona e honesto nos seus negócios.

Chique mesmo é não fazer a menor questão de aparecer, ainda que você seja o homenageado da noite!

Chique do chique é não se iludir com "trocentas" plásticas do físico... quando se pretende corrigir o caráter: não há plástica que
salve grosseria, incompetência, mentira, fraude, agressão, intolerância, ateísmo... falsidade.

Mas, para ser chique, chique mesmo, você tem, antes de tudo, de se lembrar sempre de o quão breve é a vida e de que, ao final e ao cabo, vamos todos terminar da mesma maneira, mortos sem levar nada material deste mundo.

Portanto, não gaste sua energia com o que não tem valor, não desperdice as pessoas interessantes com quem se encontrar e não
aceite, em hipótese alguma, fazer qualquer coisa que não lhe faça bem, que não seja correta.

Lembre-se: o diabo parece chique, mas o inferno não tem qualquer glamour!

Porque, no final das contas, chique mesmo é Crer em Deus!

Investir em conhecimento pode nos tornar sábios... mas, Amor e Fé nos tornam humanos!



Marcelo Cardoso Andrade
Professor

(75) 9955-1292 Vivo
(75) 9998-9936 Tim

quinta-feira, 9 de junho de 2011

O PAPEL DO PROFESSOR DIANTE DOS DISTÚRBIOS/PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM

Anterita Cristina de Sousa Godoy
RESUMO
Com a entrada cada vez mais cedo das crianças na escola as dificuldades em “aprender as coisas” também surgem mais cedo, causando em muitas famílias verdadeiros martírios e nas escolas e professoras muita angústia. Num jogo de empurra-empurra pais delegam à escola a obrigação de resolver tal situação e a escola cobra da família um apoio externo. Nossa proposta de reflexão nesse texto assume o posicionamento da professora que, na tentativa de pensar sobre o que fazer quando a criança não aprende, tem duas possibilidades: olhar para as impossibilidades ou para as possibilidades desse aluno em busca de ações que os ajudem, já que somente boa vontade não irá resolver os problemas.
Palavras-chave: professores, problemas de aprendizagem, cotidiano escolar
INTRODUÇÃO
Uma criança cresce ou tendo uma infância feliz ou uma infância sofrida, custosa, carente... Mas, cresce com um desenvolvimento considerado dentro da normalidade pelos seus pais... Aprende a engatinhar, a andar, a falar, a correr, a brincar, a rabiscar... faz manhas quando quer alguma coisa, chora e fica chatinha quando o sono se aproxima, quer o colo da mãe quando não está boa. Tudo igual, costumamos dizer, só mudam de endereço!
Então, essa criança vai para a escola e o paraíso pode começar a se transformar em tártaro... em sofrimento, verdadeiro martírio para a família, às vezes para a escola e para a professora (ou o professor): a criança tem dificuldade em aprender as “coisas” da escola!
Pois é justamente na idade escolar que os problemas/distúrbios de aprendizagem começam a ser evidenciados, deixando pais e professores angustiados, por vezes, aflitos. E num jogo de empurra-empurra, os pais delegam à escola a obrigação de resolver esse problema e a escola cobra dos pais a busca (externa) de ajuda para o problema da criança.
Deixando a família de lado, já que não é esse o pretenso foco da reflexão aqui proposta, gostaríamos de evidenciar o papel do professor diante dessa problemática. Assim, creio que a questão norteadora da reflexão que começo a desenvolver seja:
O que fazer com (ou quando) uma criança que não aprende?
Vejo, em meu horizonte, somente duas alternativas: olhar para as suas impossibilidades ou olhar para as suas possibilidades.
Ao que parece, normalmente, nos aproximamos muito mais da primeira alternativa. Ou seja, rotulamos o aluno que não aprende e tentamos a todo custo encaminha-lo à profissionais ou instituições que julgamos mais capazes que nós, seus professores, para ajuda-lo em seu aprendizado.
Mas, uma pergunta pulsa e instiga-me diante da segunda alternativa que apresentei:
Quais as possibilidades que temos diante de uma criança que não aprende?
Várias, inúmeras, mas para buscá-las não bastam “boas intenções”, porque o nosso olhar está voltado para os indícios das impossibilidades (PADILHA, 2004, p. 39), é preciso considerar que é a realização sociopsicológica dos pontos fortes da criança, e não o defeito em si, [que] decide o destino de sua personalidade (ibid., p. 39/40). Exatamente isso (e por isso vale a pena ressaltar): não é o “defeito” que a criança possui que determina seu destino, mas a realização social e psicológica de seus pontos fortes – o que ele pode, do que ele é capaz.
1. Como olhar para as possibilidades do aluno?
O que deveria ser um exercício comum no magistério, não o é. Para olhar para as possibilidades que uma criança possui, é preciso, pelo menos focar, ao menos, seis pontos, imprescindíveis. Quatro deles, diretamente relacionado ao trabalho pedagógico do professor e dois complementares à ele.
Primeiramente é preciso desvendar o que é o típico da escola, isso porque ela está imersa em uma rotina ritualizada que não nos permite ver, apenas enxergar os acontecimentos cotidianos. Conhecer o típico da escola significa buscar uma “abertura” na rotina escolar olhando para as relações que ali acontecem, principalmente, para as relações de ensino, e considerando os fatores tidos como irrelevantes, bem como a trivialidade aparente.
Nada na escola se repete. A cada dia um novo acontecimento, uma nova situação, uma nova provocação. Provocados pelo dizer e pelo não dizer, pelo agir e pelo não agir, somos instigados a olhar para a nossa prática pedagógica, cuja rotina evitamos alterar, pois acreditamos muito no ditado “em time que está ganhando, não se mexe”. Acostumados (condicionados?) a acreditar que as dificuldades ou os problemas dos nossos alunos são somente deles, não nos preocupamos em levantar as causas de seus fracassos, apenas os constatamos e ainda não preocupamos em olhar para esse aluno vê-lo como a gente nunca o viu antes. É preciso desfocar o olhar viciado que possuímos para o cotidiano escolar para que, antes de rotular e encaminhar para profissionais especializados, tenhamos um conhecimento maior da criança, também, para que ao encaminha-la (quando isso for realmente necessário) não deleguemos a ela (ou a seus pais) uma função que é nossa: a de dar ao outro que a recebe conhecimento das suas dificuldades. Isso precisa ser feito através de relatórios avaliativos detalhados que vão muito além do “não consegue escrever”, “não sabe ler”, “não para quieta”!
Na verdade, nos incomodamos muito com aquele que não se encaixa no modelo “idealizado” de aluno e que acreditamos necessitar de “atendimento especializado”, simplesmente, porque não sabemos o que fazer com ele em sala de aula. Situações como essa pode nos fazer pensar que, durante nosso processo de formação, não foram desenvolvidas as competências e habilidades necessárias para que pudéssemos compreender as dificuldades que nossos alunos apresentam, avalia-las e proceder a um relatório claro e conciso.
Com essa constatação voltamos nosso olhar para a nossa formação e a culpamos, porque temos a sensação de que não fomos preparados para lidar com essas situações, esquecendo-nos de que a formação de um professor é permanente e contínua. Não nos tornamos professores somente pela finalização de um curso que culmina com a conquista de um diploma, nos tornamos professores nas relações de ensino que tecemos do decorrer de nossa história de professora, que por sinal, inicia-se muito antes de entrarmos em um curso de formação de professores!
Podem ocorrer, sim, falhas no processo de formação como ocorre nos processos de alfabetização. È preciso considerar que os problemas não são só de aprendizagem, mas podem ser de ensinagem. Alicia Fernandez (1994), psicopedagoga argentina, diz que a criança pode não ter um problema de aprendizagem, mas que nós, como docente, podemos ter um problema de ensinagem. Isso mesmo, muitas vezes nós não sabemos como lidar com o processo de ensinagem, o que não significa que não sabemos lidar com os conteúdos que devemos ensinar (embora alguns nos cobre mais atenção e empenho que outros), mas que encontramos algumas dificuldades de relacionamento e/ou de comunicação com alguns alunos o que acaba por interferir ou impedir o desenvolvimento de processo de ensino (que se refere ao trabalho com os conteúdos escolares) (POLITY, 2002).
Sim, o processo de aprendizagem e de ensinagem são processos relacionais. Assim como a escola não se faz pelo prédio, mas pelas pessoas que nela trabalham, assim, ensinar e aprender vai além da transmissão do conteúdo, do cumprimento do planejamento. Ensinar e aprender constitui-se num processo de aprender a relacionar-se com o outro, seja esse outro o professor, o autor do livro que estudamos, os colegas, os funcionários da escola, os produtores dos conhecimentos considerados importantes para a humanidade... A escola, o ensinar e o aprender se fazem numa dimensão relacional. É por conta disso que é preciso, novamente, e sempre, olhar para ver (de verdade).
Então, é preciso olhar para os nossos alunos para ver o que não sabem, mas também o que eles sabem, pois não podemos nos guiar pelo que a criança não é. É necessário descobrir, como tarefa histórica, a superação do fracasso escolar, nas capacidades (PADILHA, 2004, p. 44). Isso significa que nem todos os sintomas podem ser alocados no mesmo nível, simplesmente porque nem todos os indícios dizem as mesmas coisas. Ou seja, nem sempre uma criança que não pára quieta é hiperativa; que troca as letras é disortógrafa ou que não compreende palavras escritas é disléxica.
Quando o foco do olhar situa-se sobre o que a criança não sabe acabamos nos esquecendo do que ela sabe. Ao revelarmos apenas o não-saber do nosso aluno, deixamos de conhecer os conhecimentos presentes nas respostas erradas que elas nos dão. A criança pode não saber escrever, mas ela pode saber que letras são diferentes de números e, ainda mais, que escrevemos com letras e não com números. Existe uma relação dinâmica entre o saber e o não-saber implícita nos exercícios escolares que desenvolvemos com os nossos alunos que nos fornece informações relevantes para o processo de ensino e aprendizagem. Ou seja, é possível indagar o as crianças que erram mais demonstram saber (...) e o que as que acertam mais revelam não-saber (ESTEBAN, 2001, p. 145).
Até aqui falamos de ações que dizem respeito especificamente ao trabalho pedagógico do professor, no entanto, outras pessoas podem ajudar-nos nesse processo de identificação dos saberes e não-saberes dos nossos alunos.
As outras pessoas que atuam na escola como: a merendeira, o porteiro, a responsável pela limpeza, a secretária, etc; por exemplo, podem estar nos ajudando a coletar informações sobre as crianças: como se comportam no recreio ou durante uma saída para o banheiro, por exemplo, podem fornecer-nos dados enriquecedores. Também o diretor e o coordenador pedagógico são pessoas importantes não só para nos ajudar na coleta desses dados, mas principalmente para nos ajudar a pensar possibilidades de ação junto às crianças que apresentam dificuldades, bem como junto à nossa sala de aula.
A família constitui-se num outro pilar fundamental que nos ajuda nos modos de olhar para nossos alunos. Saber como a criança se porta em casa, quais são as suas condições sociais, econômicas, culturais e financeiras pode nos ajudar a olhar para ela por um outro prisma. Como exigir da criança hábito e fluência na leitura se na sua casa não há livros ou jornais, ou revistas e os pais são semi-analfabetos ou alfabetos funcionais?
Aproximarmo-nos dessas pessoas (demais funcionários da escola e da família) permite-nos começar a ver coisas que antes não víamos, permitindo captar indícios que nos ajudem a olhar mais detalhadamente cada aluno.
São nessas práticas que podemos perceber o quanto o nosso sistema de ensino se isenta da investigação das causas do fracasso escolar e por conseqüência dos problemas ou distúrbios de aprendizagem. Como se passássemos (sempre) para frente os problemas sem nem tocar neles. Afinal, a escola nunca esteve preparada para quem é diferente dela. A escola preparou-se para ensinar a quem aprende igual (PADILHA, 2004, p.119).
2. Quando o encaminhamento do aluno torna-se inevitável...
Há casos, no entanto, cujo encaminhamento para profissionais especializados torna-se inevitável, principalmente porque todas as nossas possibilidades de atuação pedagógica (exatamente todas) foram esgotadas. Essas atuações, portanto, não devem se referir somente a mudar de carteira; mudar de professor ou de sala ou mudar de turno ou de turma, mas contemplar o desenvolvimento de um o trabalho pedagógico diversificado com a criança, no qual seja possível visualiza-la em seu todo (cognitivo/afetivo), checando a existência de um problema visão ou audição, ainda não percebido. Ainda assim, é muito importante que essa seja uma decisão conjunta entre nós – professores – a direção e a coordenação pedagógica da escola.
Mas, como encaminhar essas crianças?
Primeiramente, é preciso que elaboremos um relatório, que deve ser muito bem redigido, isso significa que nossa escrita deve ter a clareza, a coerência e a coesão necessária ao bom entendimento do nosso interlocutor. Não devemos nos esquecer que escrevemos para o OUTRO e não para nós mesmos.
Esse relatório deve conter, minimamente, e com o máximo de detalhes:
a) o que a criança sabe e não-sabe;
b) como a criança se comporta e em que momentos ela se comporta assim;
c) se a criança caminhava bem no processo de aprendizagem, em que momento essa situação se reverteu ou em que momentos ela se reverte;
d) o que nos chama a atenção na criança.
Jan Hunt (2005) destaca que as
classificações são incapacitantes, porque as crianças acreditam no que lhes dizemos. Se tivermos que classificar algo, que seja o ambiente de ensino e não o aluno: em vez de "criança hiperativa", vamos nos preocupar com as escolas "restritivas de atividade"; em vez de alunos com "falta de atenção", deveríamos pensar nas aulas com "falta de inspiração"; em vez de "criança com fobia escolar" deveríamos usar palavras mais honestas como "ansiosa" e "amedrontada", e tomar mais cuidado ao pesquisar o motivo da ansiedade. (grifos da autora)
Preferencialmente, esse relatório deve ser encaminhado para uma equipe multidisciplinar, principalmente porque não somos apenas cabeça-corpo-mente, somos também: sentimentos, emoções, auto-estima, autonomia, possibilidades, pensamento, ação, querer, decisão...
Algumas considerações
Sinto que, em muitos casos, nós professores nos sentimos incapazes e com certo sentimento de inferioridade diante de outros profissionais, principalmente aos quais devemos encaminhar nossos alunos que não aprendem. Por exemplo, olhamos um psicólogo como um Psicólogo, mas não nos enxergamos como Professores e, assim, não conseguimos desencadear um diálogo em um mesmo nível. Não podemos esquecer que quem entende do pedagógico, do trabalho efetivo de sala de aula, somos nós: Professores.
Mas, a integração entre os profissionais da Educação com os da Saúde, com vistas à melhoria da qualidade de vida do indivíduo e da educação oferecida nas escolas públicas é primordial para que minimizemos os problemas (ou dificuldades) existentes em sala de aula e consigamos formar cidadãos críticos, participativos e saudáveis. Isso significa que tão importante quanto o Psicólogo ou o Psicopedagogo é o Professor.
Sendo assim, somente quando a relação de reciprocidade e respeito acontecer entre os profissionais, em vista da criança que necessita dos conhecimentos de ambos, é que conseguiremos olhar para o aluno como a gente nunca olhou antes.
É por conta disso que Hunt (2005) nos alerta ainda que um ambiente estressante, punitivo e ameaçador é mais do que suficiente para explicar os problemas de aprendizagem, enquanto Padilha (2004) lembra que ensinar não é ato de violência, mas ato de força. Força para superar o saber espontâneo (p. 125). Ou seja, não é diferenciando, excluindo, obrigando e brigando que iremos conseguir ensinar – porque ensinar inexiste sem aprender, alerta-nos Paulo Freire (1992) – e, isso inclui obrigarmos crianças sem problemas às salas especiais, às instituições especiais, às triagens e sessões para encaminhamento... e tantas outras coisas, que nos faz muitas vezes nos esquecer do trabalho pedagógico em si.
Na busca de uma educação que se volte para a formação de um indivíduo numa sociedade mais justa e igualitária, é preciso que procuremos uma teoria simples que explique os fatos e não uma complicada e obscura que não nos permita ver a criança em seu todo. Não precisamos nos confundir com termos técnicos, teorias sem comprovação científica e bodes expiatórios para preservar uma instituição social que falhou com nossos filhos (Hunt, 2005), é preciso acreditar nas possibilidades das crianças e não nas suas impossibilidades, simplesmente porque: Toda criança é uma criança bem-dotada (Jan Hunt).
Bibliografia:
ESTEBAN, Maria Teresa. O que sabe quem erra? Reflexões sobre avaliação e fracasso escolar. Rio de Janeiro: DP&A, 2001
FERNÁNDEZ, Alicia. A mulher escondida na professora: uma leitura psicopedagógica do ser mulher, da corporeidade e da aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1992.
HUNT, Jan. "DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM": uma rosa com outro nome. (s/d) Texto obtido no site: http://members.tripod.com/~Helenab/jan_hunt/distapr.htm Acesso em 15/01/06.
PADILHA, Anna Maria Lunardi. Possibilidades de histórias ao contrário ou como desencaminhar o aluno da classe especial. São Paulo: Plexus, 2004.
POLITY, Elizabeth. Dificuldade de ensinagem: que história é essa?. Texto publicado em 26/09/2002 no site www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp . Acesso em 15/01/06.
Publicado em 15/02/2008 10:35:00

Como lidar com crianças com dificuldades de aprendizagem

O termo 'dificuldade de aprendizagem' começou a ser usado na década de 60 e até hoje - na maioria das vezes - é confundido por pais e professores como uma simples desatenção em sala de aula ou 'espírito bagunceiro' das crianças. Mas a dificuldade de aprendizagem refere-se a um distúrbio - que pode ser gerado por uma série de problemas cognitivos ou emocionais - que pode afetar qualquer área do desempenho escolar.
Na maioria dos casos é o professor o primeiro a identificar que a criança está com alguma dificuldade, mas os pais e demais membros da família devem ficar atentos ao desenvolvimento e ao comportamento da criança.
Segundo especialistas, as crianças com dificuldades de aprendizagem podem apresentar desde cedo um maior atraso no desenvolvimento da fala e dos movimentos do que o considerado 'normal'.
Mas os pais têm que ter cuidado para não confundir o desenvolvimento normal com a dificuldade de aprender. A psicóloga Maura Tavares Rech, especialista em psicoterapia infantil, afirma que "toda a criança tem um processo diferente de desenvolvimento - umas aprendem a andar mais cedo, outras falam mais cedo - e isso é absolutamente normal, não existe um 'padrão' de desenvolvimento. Portanto é importante que os pais respeitem o desenvolvimento geral da criança. Nesta fase o pediatra torna-se um grande aliado dos pais", diz a psicóloga.
Crianças com dificuldades de aprendizagem geralmente apresentam desmotivação e incômodo com as tarefas escolares gerados por um sentimento de incapacidade, que leva à frustração.
Neste caso, a orientação da psicóloga é de "valorizar o que a criança sabe para fortalecer sua auto-estima". Mostrar para a criança o quanto ela e boa em tarefas na qual ela tem habilidade e incentivá-la a desenvolver outras tarefas nas quais ela não é tão boa, é fundamental.
"Os pais têm que dar segurança e atenção para ensinar a criança a aceitar as frustrações", diz Maura. Criar um ambiente adequado para que ela desenvolva o estudo e estabelecer limite de horários para a realização das tarefas são outras dicas importantes da psicóloga.
Mas não se deve confundir dificuldade de aprendizagem com falta de vontade de realizar as tarefas. Maura afirma que problemas de aprendizagem podem ser causados por uma simples preferência por determinadas disciplinas ou assuntos. "Nestes casos um professor particular pode, muitas vezes, resolver o problema", diz ela.
Se os pais acreditam que seu filho apresenta dificuldades de aprendizagem, devem procurar um profissional para receber as orientações.
Neste caso, os psicólogos com especialização em clinica infantil, são os profissionais adequados para realizar uma avaliação e tratar da criança, se o problema for gerado por fator emocional. Caso o diagnóstico da criança for dificuldade cognitiva, a criança deve ser encaminhada para um psicopedagogo que poderá ajudar no desenvolvimento dos processos de aprendizagem.
Para obter resultados concretos é preciso ser feito um trabalho em conjunto entre pais, psicólogos, escolas e professores, que deverão estar envolvidos com um único objetivo: ajudar a criança. E é imprescindível que os pais conheçam seus filhos e conversem freqüentemente com eles para que possam detectar quando algo não vai bem.

http://noticias.terra.com.br/educacao/interna/0,,OI3146542-EI8266,00.html

Dificuldades de aprendizagem: de onde vem o problema?

Agência Estado

Por Julia Trevisan

Falta de concentração durante as aulas, desinteresse por qualquer assunto ligado à escola e as temidas notas baixas. Quem tem filhos em idade pré-escolar sente arrepios só de pensar que a criança possa enfrentar algum tipo de dificuldade que retarde ou comprometa seu processo de aprendizagem.
E apesar de estes problemas fazerem parte do cotidiano de muitas famílias, a investigação de suas causas e a busca pelo melhor tratamento nem sempre são feitas da maneira correta. Para reverter o caso e garantir à criança uma boa volta por cima, a melhor receita é uma parceria firme entre a escola e a família.

O primeiro relato da dificuldade costuma (e deve) vir justamente da escola, apesar de alguns pais mais atentos conseguirem perceber que a criança não está bem ou rendendo tudo o que poderia. “A escola deveria estar apta a fazer esse diagnóstico, por meio de conhecimentos específicos, como por exemplo identificar problemas no desenvolvimento psicomotor que podem prejudicar o processo de aprendizagem do aluno”, acredita Nádia Bossa, psicopedagoga que estuda o assunto há 20 anos e é autora de diversos livros, entre eles “Fracasso Escolar: um olhar psicopedagógico”. Além do baixo rendimento, elementos como a própria postura do aluno em classe, a forma como ele escreve e até mesmo o tipo de erros que comete podem revelar aspectos importantes sobre as causas da dificuldade de aprendizagem. “É o professor quem deve saber quais os requisitos necessários para o aprendizado de um determinado conteúdo”, completa a psicopedagoga.

O passo seguinte deve ser a comunicação do problema aos pais e a troca de informações sobre a rotina e os hábitos da criança, além de um levantamento de mudanças recentes em sua vida. “A não aprendizagem pode ser um sintoma de que algo com a criança não está bem. Ela bloqueia o estudo inconscientemente, como um mecanismo de defesa, uma forma não muito adequada desenvolvida para não aprender”, afirma Silvia Amaral de Mello Pinto, psicopedagoga e coordenadora do Centro de Aprendizagem e Desenvolvimento (CAD), em São Paulo.

As causas para dificuldades no aprendizado são variadas e podem vir de questões emocionais, como por exemplo uma separação dramática dos pais, um caso de luto na família ou mesmo o nascimento de um irmão. Essas situações sugam a energia da criança e impedem que ela concentre seu foco em qualquer outra coisa. “Ela fica preocupada com o assunto ou fantasiando para não entrar em contato com a realidade. E o conteúdo escolar é a realidade”, relata Nádia Bossa. “Acontecimentos novos como os citados podem gerar ansiedade e consequentemente muita agitação, o que muitas vezes é até confundido com hiperatividade”, completa.

“Às vezes, o problema é mais sutil, como a falta de tempo e de organização do pai e da mãe. Trabalhar demais e deixar de lado questões como a escolha de um bom local para a criança fazer sua lição de casa, impor horários, estabelecer limites e dizer não para certas coisas pode atrapalhar”, afirma Silvia Amaral de Mello Pinto.

Entre os distúrbios orgânicos estão os problemas de maturação do Sistema Nervoso Central, de ansiedade exagerada e decorrentes de efeitos de certos medicamentos que interferem no ânimo ou causam problemas de memória ou concentração. Existem ainda as dificuldades específicas em determinadas áreas, como a dislexia (troca das letras na leitura e na escrita), e a discalculia (problemas em cálculos).

A falta de motivação também é capaz de prejudicar a aprendizagem e pode ter sua origem na relação da própria família com os estudos. A ligação da escola com castigos ou a algum tipo de pressão e mesmo a falta de importância dada pelos pais ao conhecimento em si são fortes desencorajadores do aluno.

“Outro fator é a própria concepção de aprendizagem, que é o processo que nos torna humanos. Aprendemos a andar, a ser membro da cultura em que vivemos e aprendemos também os conceitos científicos apresentados na escola. E a aprendizagem de conceitos acadêmicos, como geografia, por exemplo, depende de aprendizagens anteriores, que são resultado de exploração do mundo, responsáveis, por exemplo, pela construção da noção de espaço”, explica a psicopedagoga Nádia Bossa. Por exemplo, crianças com dificuldades para reconhecer os lados direito e esquerdo dificilmente consequem aprender coisas como pontos cardeais ou a referência de leste e oeste.ou até mesmo a posição relativa dos numeros. “O processo de aprendizagem escolar necessita de um repertório preexistente, de experiências vividas na infância e bem mediadas, ou seja, nomeadas e interpretadas pela família”, diz Nádia.

Ajuda de todos os lados

Por todos esses motivos, antes de encaminhar o problema para um especialista, é importante que a escola realize uma investigação dentro dela mesmo e proporcione uma discussão entre professores e coordenadores. Providências como a troca de professores, aulas reforço e grupos de apoio que ajudem a criança podem ser necessárias. “A recomendação é que a escola se adapte ao aluno, que haja uma parceria e flexibilidade para rever posturas e metodologia”, diz Nádia. “É interessante, inclusive, que as escolas tenham em seu quadro psicólogas e psicopedagogas.”

Nos casos em que a parceria família-escola não é suficiente, recomenda-se recorrer a um psicopedagogo, que ou é um psicólogo especializado em psicopedagogia ou um pedagogo com especialização, mestrado ou doutorado em psicopedagogia. “É realizada, então, uma espécie de ‘fisioterapia cerebral’, um trabalho que exercita as funções cognitivas ativando o sistema nervoso”, explica ela. A troca de escola deve ser considerada em alguns casos.

O papel da família também é vital na retomada do interesse pelos estudos. “Os pais devem incentivar a lição de casa, olhar cadernos e mostrar interesse pelo que ela está aprendendo”, recomenda a psicopedagoga Silvia Amaral de Mello Pinto. “Às vezes, pequenos detalhes fazem uma grande diferença”, acredita ela.

Tomar as providências corretas garante não só uma criança sem problemas para desenvolver seu aprendizado como adultos livres de traumas e problemas de auto-estima causados pela experiência da escola.

Para saber mais:

Livro “Dificuldades de Aprendizagem”, de Nádia Bossa.


Dificuldades de aprendizagem O que são? Como tratá-las
O ensino nas instituições do governo é da pior qualidade. Falo com a experiência de vários anos como supervisora de estágio na área de psicologia escolar, uma vez que os grupos de estagiários sob minha supervisão permanecem por um ano nas instituições de ensino da rede pública, e tem por tarefa realizar um diagnóstico e desenvolver um projeto de intervenção que atenda as principais necessidades da escola.
1) Percebemos que muitos materiais literários estão sendo lançados na psicopedagogia que até pouco tempo, tinha carência de materiais científicos específicos para a área. Este novo lançamento do seu livro "Dificuldades de Aprendizagem" O que são? Como trata-las, é a primeira obra da psicopedagogia que explica a leigos o trabalho do psicopedagogo e sobre as diversas faces das dificuldades de aprendizagem. Era esta a sua intenção? Por que?
A motivação para a elaboração do Livro "Dificuldades de Aprendizagem.O que são? Como tratá-las? "foi criar um material que pudesse facilitar o enquadre junto à criança (e/ou adolescente) e seus pais, quando houvesse indicação para uma intervenção psicopedagogica. Essa necessidade surgiu da minha experiência enquanto supervisora de estágio em atendimento psicopedagógico clínico na PUC/SP. Frente à dificuldade dos estagiários em esclarecer, à criança e à família, como e porquê seria conduzido o processo de intervenção, ocorreu-me que um material ilustrado, através do qual, os personagens envolvidos no processo pudessem se identificar, poderia se constituir num instrumento valioso para o Psicopedagogo.Ao longo da trajetória de criação do material, outras demandas foram se acrescentando a motivação inicial, como por exemplo: a importância de auxiliar o professor no momento do encaminhamento do aluno com dificuldades; o esclarecimento aos acadêmicos da área da educação e da psicologia à respeito da especificidade da psicopedagogia; uma contribuição acerca da complexidade do processo de aprendizagem escolar, etc...Por fim, quando depois de pronto, passei a testá-lo, a fim de verificar sua eficácia antes da publicação, constatei o efeito terapêutico produzido pelos movimentos de identificação e projeção, das crianças que, ao se reconhecerem no personagem e nas situações presentes no livro, sentiam-se compreendidas e acolhidas. Só a título de esclarecimento, sem muito rigor teórico, estou chamando de identificação "ao processo psíquico de se reconhecer em um elemento externo" e de projeção "o processo psíquico de atribuir ao elemento externo, aspectos do mundo interno."
2) Este é um livro que deverá estar nas instituições e nos consultórios já que claramente existe a preocupação com a qualidade do material, imagens e a didática empregada nas questões/respostas que surgem a cada momento no processo daqueles que procuram e necessitam de um trabalho psicopedagógico?
De fato, a intenção, é que este material esteja tanto na clínica, como nas instituições de ensino em geral, e que possa ser utilizado de forma criativa, em vários momentos do processo. Que possa ainda ser manuseado muitas vezes, por isso a preocupação com o papel e que as imagens (ilustrações) superem o alcance da linguagem escrita.
3) Você é autora também do livro "A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática". A quem se direciona este livro e qual a abordagem?
O livro " A Psicopedagogia no Brasil : contribuições a partir da prática"é direcionado à psicopedagogos, estudantes de psicopedagogia e aos profissionais da educação e da psicologia interessados em conhecer o campo da psicopedagogia. Nesse livro, através de uma abordagem da prática procurei sistematizar os fundamentos da psicopedagogia. No capítulo I procuro definir a psicopedagogia, seus fundamentos epistemológicos e seu objeto de estudo, contextualizando-a.Nos capítulos II e III discuto a especificidade dessa prática, a questão da formação, o código de ética e os limites e as possibilidades da psicopedagogia frente a realidade brasileira. Nos capítulos IV e V procuro ilustrar, através de fragmentos de casos, a prática clínica e institucional, e comparo a prática psicopedagógica com outras práticas, ou seja, procuro delimitar nosso campo de atuação.Por fim, nas considerações finais trato da questão da identidade do psicopedagogo brasileiro , que foi sendo tecida ao longo dos capítulos do livro.
4) Como organizadora e autora lançou outros três livros "Avaliação psicopedagógica da criança de 0 a 6 anos"; "Avaliação psicopedagógica da criança de 7 a 11anos" e "Avaliação psicopedagógica do Adolescente", como é trabalhar com profissionais com outras abordagens psicopedagógicas?
A complexidade do fenômeno em questão - a aprendizagem humana - tem a dimensão da própria vida. Costumo trabalhar com uma definição de aprendizagem inspirada em Bleger. Em Psicologia da Conduta, Bleger nos diz que "a conduta e a personalidade têm um desenvolvimento no qual vão se organizando progressivamente, respondendo a um processo dinâmico no qual podem se modificar de maneira mais ou menos estável. Chama-se aprendizagem esse processo pelo qual a conduta modifica-se de maneira estável à raiz das experiências do sujeito."Portanto, embora o conceito de aprendizagem tenha sobre si o peso da tradição intelectualista, abarca muito mais. Por isso, a despeito da importância que esse aspecto possa ter, ele é só uma parte da aprendizagem total que o ser humano realiza.
A meu ver, essa definição de aprendizagem, por si só, justifica o caráter multidisciplinar da psicopedagogia. Assim, é imprescindível que o psicopedagogo tenha flexibilidade e abertura para integrar, articular e compartilhar conhecimentos e experiências com profissionais, cujas abordagens sejam distintas a sua. Não se pode perder de vista que trata-se de um mesmo fenômeno, analisado através de perspectivas diferentes e que não são excludentes, ao contrário, se complementam. Por isso, para mim trabalhar com profissionais com outras abordagens psicopedagógicas é sempre uma experiência muito enriquecedora.
5) Como doutora em Psicologia da Educação e Psicopedagoga, poderia esclarecer aos nossos leitores a diferença entre estes dois trabalhos, a Psicologia da Educação e a Psicopedagogia, já que estamos vivendo um momento em nossa profissão onde estes dois aspectos são confundidos por aqueles que desconhecem o trabalho do psicopedagogo?
No meu livro "A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática", logo na introdução faço uma discussão à respeito da diferença entre as denominações Psicologia Educacional, Psicologia Escolar e Psicopedagogia. Aqui, sem estender sobre o assunto, posso dizer que tradicionalmente a
Psicologia da Educação diz respeito a uma área que estuda a utilização dos conhecimentos teóricos da Psicologia às questões da Educação. Trata-se portanto, de um campo teórico que vai resultar em teorias da Educação. Diferentemente, a Psicopedagogia consiste numa área de aplicação, que recorre à conhecimentos das diversas áreas que estudam o fenômeno humano na compreensão do processo de aprendizagem. Quero ressaltar que não se trata, como costuma-se pensar, na aplicação da psicologia à pedagogia.
6) Como você vê a evolução da Psicopedagogia no Brasil nestes últimos anos?
Em certos aspectos vejo a evolução da Psicopedagogia no Brasil nestes últimos anos com otimismo.Por exemplo, no que se refere ao conhecimento que vem sendo produzido através de dissertações, teses e outras pesquisas. Por outro lado, preocupa-me a proliferação de cursos de psicopedagogia em Instituições que visam apenas a parte financeira, e conseqüentemente geram práticas irresponsáveis em nome da psicopedagogia
7) O que pensa sobre a regulamentação da profissão do psicopedagogo?
A regulamentação da profissão é extremamente delicada. Seu aspecto positivo reside no fato de que talvez pudesse nos preservar da proliferação de cursos sem qualidade, bem como de práticas irresponsáveis que possam comprometer a credibilidade da psicopedagogia. Existe ainda o fato de que sendo uma profissão regulamentada ficam assegurados certos espaços de atuação como por exemplo, criação da carreira para nomeação de cargo em instituições governamentais. No entanto, parece-me que frente a oposição de outros profissionais à regulamentação da profissão ( diga-se de passagem meramente uma questão de reserva de mercado ), o psicopedagogo encontra-se despreparado, correndo o risco de desencadear uma problemática que acabe por restringir sua atuação .
8) Como anda o ensino nas instituições do governo e instituições particulares?
O psicopedagogo já se faz presente de forma significativa?
Esta é uma questão que me mobiliza profundamente. O meu desejo é falar sobre este ponto por horas a fio, para demonstrar minha indignação com o descaso dos nossos governantes frente a educação no nosso pais. O ensino nas instituições do governo é da pior qualidade. Falo com a experiência de vários anos como supervisora de estágio na área de psicologia escolar, uma vez que os grupos de estagiários sob minha supervisão permanecem por um ano nas instituições de ensino da rede pública, e tem por tarefa realizar um diagnóstico e desenvolver um projeto de intervenção que atenda as principais necessidades da escola.O que temos constatado através dessas experiências é um caos absoluto. Podemos dizer que ao concluírem a 8a. série os alunos mal sabem escrever. É lamentável. Em relação as instituições particulares, podemos dizer que uma pequena parcela prima de fato pela qualidade de ensino, as demais são empresas com fins lucrativos, o que vale inclusive para o ensino de Terceiro Grau. Quanto ao psicopedagogo, este se faz presente, mas no sentido de receber das escolas o encaminhamento de alunos com dificuldades de aprendizagem, do que propriamente como psicopedagogo institucional. Porém, tenho observado recentemente uma crescente demanda em relação ao psicopedagogo nas instituições particulares e até mesmo a iniciativa de alguns municípios na implantação da carreira de psicopedagogo institucional

domingo, 15 de maio de 2011

ORAÇÃO À SANTO ANTONIO

Festa: 13 de junho. Comemora-se todo dia 13.


ORAÇÃO - Glorioso Santo Antonio que tivestes a sublime dita de abraçar e afagar o Menino Jesus, alcançai-me a graça que vos peço e vos imploro do fundo do meu coração (pede-se a graça). Vós que tendes sido tão bondoso para com os pecadores, não olheis para os poucos méritos de quem vos implora, mas antes fazei valer o vosso grande prestígio junto a Deus para atender o meu insistente pedido. Amém.
Santo Antonio, rogai por nós.
(Pai Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai)

sábado, 23 de abril de 2011

20 dicas para dominar as modernas práticas pedagógicas

Muitos professores têm dificuldade de passar o discurso pedagógico do papel para a prática. Não é para menos. Por isso, preparamos esta reportagem, repleta de dicas preciosas para professores generalistas e de todas as disciplinas. Elas foram desenvolvidas pelos avaliadores do Prêmio Victor Civita Professor Nota 10 e por vários especialistas na área da educação com base na leitura e na avaliação dos milhares de trabalhos inscritos nos últimos cinco anos no prêmio. Além das novas práticas - contextualização, interdisciplinaridade, avaliação... -, você vai encontrar sugestões para obter maior rendimento dos alunos. Boa leitura! E bom planejamento!
1. Plano de trabalho: conhecer a turma para saber o que e como fazer
Uma turma é sempre diferente da outra. Você sabe disso. E sabe também que, ao iniciar o trabalho com um novo grupo, é fundamental conhecê-lo bem. Só assim podem-se definir com clareza as melhores estratégias e os métodos e materiais a serem usados. É disso que trata o plano de trabalho. Baseado na proposta pedagógica da escola, ele deve também ser norteado pelo planejamento específico de cada série ou ciclo que varia de uma escola para outra. "O plano de trabalho trata das especificidades e demandas de cada turma", explica Maria Luisa Merino Xavier, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É importante, portanto, conversar com os professores da série anterior; descobrir se há alunos na turma com necessidades especiais; se existem, por exemplo, crianças de diversas culturas, etnias ou religiões; e pesquisar o histórico escolar de cada um. Entrevistas com os pais ou responsáveis também são úteis para saber com quem a criança mora, o que faz nas horas de lazer, se tem algum problema de saúde, de que brinquedos gosta e em que outras escolas estudou e como foram essas experiências. "É bom descobrir o que os pais pensam, o que esperam da escola e o que desejam para seus filhos", afirma Maria Luisa. Em sala, é hora de observar quem desenha bem, tem facilidade ou não para leitura, gosta de falar ou é mais tímido. Com tantas informações em mãos, você poderá elaborar estratégias adequadas para todo o grupo considerando as características de cada um. "O plano de trabalho não pode estar pronto nos primeiros dias de aula porque exige contato prévio com alunos e pais", afirma a professora. Além disso, é preciso levar em conta o seguinte: mesmo que você planeje suas aulas de acordo com os conteúdos a ser abordados, sempre haverá, ao longo do ano, a necessidade de mudar os rumos. Um dos motivos é atender às necessidades momentâneas dos alunos. De que adianta, por exemplo, seguir o roteiro sem abordar temas que todos vêem na TV, como as catástrofes naturais ocorridas ultimamente? "As aulas consistem em uma seleção pertinente para o momento, pois os conteúdos não se esgotam", diz Maria Luisa.
2.Avaliação: acompanhar o aluno para traçar o melhor caminho
A avaliação sempre deve estar a serviço do aluno. Isso significa que ela não tem como objetivo determinar as notas a ser enviadas à secretaria, mas acompanhar o caminho que o aluno faz, descobrir suas dificuldades e necessidades e alterar os rumos, se preciso. Ela é constante e pode ser feita durante trabalhos em grupo, jogos e brincadeiras. Só que o olhar do professor, nesses momentos coletivos, deve ser sempre para cada estudante. "Assim se observam os interesses e os avanços de todos na turma", revela Jussara Hoffmann, consultora em educação, de Porto Alegre. Ao pensar em avaliação, você pode lançar mão de atividades interativas em que existam o diálogo, a troca entre os alunos, a participação e a cooperação. Também é importante ter conversas individuais com os alunos, olhar o caderno e as produções, perguntar o que aprenderam e do que gostaram. O questionamento constante dá aos estudantes a oportunidade de aprofundar as suas respostas. Para que você aproveite tudo isso, o registro diário é fundamental. "A observação só se torna um instrumento válido quando é registrada. As anotações mostram em que as crianças se desenvolveram e em que elas ainda precisam avançar", afirma Jussara. Você pode ainda avaliar a produção de texto individual, as manifestações dos alunos sobre diversos assuntos ou sobre um mesmo tema, em vários momentos e as atividades menores, individuais e freqüentes, corrigidas imediatamente. É preciso garantir que o aluno possa expressar seu conhecimento de muitas maneiras (em músicas, textos, pinturas, fotos). Tudo isso contribui para a aprendizagem. O processo é semelhante a um percurso e seu papel não é esperar os alunos no final. Você acompanha a turma, ajudando a ultrapassar os obstáculos do caminho.
3. Contextualização: ela vai muito além da relação com o cotidiano
Existe uma certa confusão sobre o significado do termo contextualizar. A primeira definição é a de que se trata de trazer o assunto para o cotidiano dos alunos. É também, mas não só isso. Muitos conceitos e conteúdos são contextualizados na própria disciplina. "Isso significa colocar o objeto de estudo dentro de um universo em que ele faça sentido", afirma Ruy Berger, consultor em educação, de Brasília. Imagine que você está dando uma aula sobre divisão celular. Os estudantes precisam saber o que é DNA para poder entender o processo. Portanto, o DNA passa a ser um objeto de estudo que faz sentido nesse conteúdo, que é a divisão das células. Esse é um exemplo de contextualização que não está necessariamente ligado à vida das crianças (o que não impede que o professor diga que o DNA faz com que elas se pareçam com os seus pais, por exemplo). Entendido isso, evitam-se situações forçadas, em que o professor se sente na obrigação de relacionar todo e qualquer conteúdo à vida dos alunos. Algumas vezes, aquilo que ele não consegue contextualizar acaba até sendo excluído do currículo o que prejudica, e muito, a aprendizagem da turma.
4. Objetivo: só depois que ele é definido, vêm o conteúdo e a metodologia
Os objetivos que o professor deseja alcançar devem sempre preceder sua ação. O ideal é estabelecer primeiro um objetivo e, depois, um caminho para alcançá-lo o que inclui definir o conteúdo e a metodologia. "É preciso ficar atento para ver se a escola não está fazendo o contrário: definindo o caminho, que é passar um conteúdo preestabelecido, para depois pensar nos objetivos", alerta Danilo Gandin, especialista em planejamento da educação, de Porto Alegre. Segundo ele, muitas vezes os professores ficam presos à obrigação de trabalhar o currículo preestabelecido e, ao mesmo tempo, à necessidade de fixar objetivos, mesmo que eles não façam sentido. "Aparecem situações estranhas: enquanto o objetivo é desenvolver a consciência crítica, o conteúdo a ser passado é a crase", afirma. Obviamente o que domina a cena é a crase, que o professor pensa que tem de ensinar. O objetivo aparece apenas porque alguém disse que ele deveria estar lá. Para Gandin, é preciso pensar no que vai ser feito e para quê. Dois exemplos de objetivos que norteiam um trabalho: 1) realizar um estudo sobre a escravidão para aumentar a solidariedade e compreender mais profundamente o significado da liberdade; e 2) estudar a variação dos preços em dois supermercados para iniciar a compreensão do processo econômico no país. Esses objetivos, é bom lembrar, devem sempre estar alinhados com a proposta pedagógica da escola. Os conteúdos e a metodologia, portanto, são o caminho a ser trilhado com base no que se estabeleceu como meta.
5. Conhecimento prévio e interesse dos alunos: quem descobre é você
Os conteúdos abordados em sala de aula devem, basicamente, contribuir para a formação de cidadãos conscientes, informados e capazes de melhorar a sociedade. Por isso, é muito comum os professores tentarem montar suas aulas tendo como centro do trabalho o interesse dos alunos. Dessa maneira, eles teriam mais elementos para refletir sobre o meio em que vivem e sobre o que os cerca. Essa prática, porém, nem sempre garante bons resultados. "Ocorre até o contrário. Ao dar importância somente ao que os estudantes já conhecem, muitas vezes os professores acabam caindo na superficialidade, presos a interesses imediatos", alerta Danilo Gandin. Segundo ele, como conseqüência, surge um currículo ditado pelas circunstâncias, que destaca acontecimentos pontuais e não um roteiro de trabalho construído com base na relação entre a proposta pedagógica e a realidade. "Essa questão só se resolve quando a equipe de cada escola define os grandes horizontes políticos e pedagógicos de seu trabalho e, confrontando esses grandes ideais com a realidade e com a prática, descobre as necessidades de seus alunos", conclui.
6. Trabalho Interdisciplinar: as matérias se unem e os alunos aprendem
A interdisciplinaridade ocorre quando, ao tratar de um assunto dentro de uma disciplina, você lança mão dos conhecimentos de outra. Ao estudar a velocidade e as condições de multiplicação de um vírus, por exemplo, é possível falar de uma epidemia ocorrida no passado devido às precárias condições de saúde e higiene e à pobreza do local. Daí, é possível até explorar, em outros momentos, os aspectos políticos e econômicos que geraram tamanha pobreza. A interdisciplinaridade é, portanto, a articulação que existe entre as disciplinas para que o conhecimento do aluno seja global, e não fragmentado. É muito comum a idéia de que, ao utilizar um tema gerador, se garante a interdisciplinaridade. "Ela não se resume em escolher um tema e abordá-lo segundo a visão de duas ou mais disciplinas", afirma Ruy Berger. Ao estudar a questão dos índios, por exemplo, o professor de História fala sobre a colonização do Brasil, o de Língua Portuguesa trabalha as lendas indígenas e o de Matemática acaba propondo um problema sobre o índio: isso não garante a relação entre as disciplinas. O tema gerador pode ser um ponto de partida, mas não o centro do estudo e nem se alongar muito, para os alunos não se cansarem. Ao planejar, portanto, é importante levantar quais são as possibilidades de trabalhar de forma interdisciplinar ao longo do ano. Essas oportunidades podem ser criadas com base nas pesquisas dos alunos e do próprio professor ou em parceria com os colegas de outras disciplinas.
7. Seqüência didática: uma série de aulas que desafia e ensina os alunos
A seqüência didática é um conjunto de aulas planejadas para ensinar um determinado conteúdo sem ter um produto final. Sua duração varia de dias a semanas e você pode elaborar várias seqüências ao longo do ano, de acordo com o planejado ou com a necessidade dos alunos detectada pelo caminho. É possível, inclusive, aplicar essa modalidade ao mesmo tempo em disciplinas diferentes. "O princípio da seqüência didática é dar ao aluno desafios cada vez maiores para que ele se desenvolva", afirma Regina Scarpa, coordenadora pedagógica do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac) e do Instituto Avisa Lá, em São Paulo. Por exemplo: você quer que seus alunos aprendam o uso do "r" e do "rr". Primeiro observa o que eles já sabem a respeito e depois elabora uma série de aulas com várias atividades, jogos, questionamentos e muita reflexão, aumentando gradativamente a complexidade dos desafios propostos. Com esse tipo de abordagem, os alunos vão, aos poucos, percebendo que não existem palavras que começam com "rr" ou que não se usa "rr" após o "s", por exemplo. A seqüência didática é indicada, ainda, quando se quer trabalhar o universo de um determinado autor. "Além de ler suas obras, as crianças verão nessas aulas o que o autor escreve, que livros já publicou e qual o seu estilo", diz Regina. Se a idéia é trabalhar as diferentes versões da história do Pinóquio, outra seqüência pode ser estabelecida: leitura feita pelo professor do original e de uma segunda versão, leitura e reescrita em grupos de trechos de outras versões e a exibição de um filme sobre o personagem. Trabalhando dessa forma, os conteúdos se distribuem de maneira intencional e mais consistente.
8. Temas transversais: o pano de fundo do trabalho da escola
Temas transversais não são disciplinas, apenas permeiam todas elas. Se a escola decide abordar ética de maneira transversal, não pode estipular uma aula sobre o assunto uma vez por semana e esquecer dela no restante dos dias. "Esses temas precisam estar presentes em todas as disciplinas, o tempo todo, como pano de fundo do trabalho da escola", orienta Josca Baroukh, selecionadora do Prêmio Victor Civita. Segundo Josca, ao abordar os temas transversais, o professor leva os alunos a refletir para que eles tenham condições de construir conceitos, em vez de apenas coletar informações a respeito. "Caso contrário, é possível que os estudantes organizem uma coleta seletiva no bairro ou arrecadem alimentos para um asilo sem pensar no porquê de fazer aquilo", afirma. Se a escola propõe à garotada, por exemplo, mobilizar a população e a prefeitura da cidade para fazer um poço artesiano em benefício de uma comunidade que vive na seca, é preciso, antes da ação, uma reflexão profunda. O que é a seca? Que problemas ela traz? Um poço é a melhor solução para o momento? Há outras formas de contribuir? E, principalmente, por que devemos contribuir? Para Josca, não é apenas o conteúdo escolar que dá gancho a esse tipo de trabalho. "Uma notícia de jornal e até um conflito em sala de aula podem ser mote para reflexão. É um trabalho contínuo, que nem sempre depende do planejamento das aulas."
9. Tempo didático: para não errar na dose, é preciso ter objetivos claros
Muitas vezes é difícil definir quanto tempo será gasto para desenvolver um tema, uma atividade ou um projeto. Para não errar na medida, é fundamental ter em mente três pontos: o que você quer ensinar, como cada um de seus alunos aprende e como você irá acompanhar e avaliar o trabalho da garotada. "Se o tempo previsto der errado, é porque pelo menos um desses três itens não foi observado", afirma Regina Scarpa. Na prática, isso significa que você deve estabelecer, primeiramente, os objetivos e os conteúdos (seja para uma aula ou para um projeto mais longo). Depois, pensar nas atividades a ser desenvolvidas, baseando-se na maneira como seus alunos aprendem. Então, considerar que é preciso tempo para avaliar, constantemente, a produção da garotada e, dessa forma, saber se será necessário estender a abordagem de um ou outro conteúdo, sobre o qual as crianças apresentaram dificuldades. "É possível prever o tempo de um projeto, apesar dessas variações no meio do caminho", diz Regina. Por isso, é importante planejar o encerramento com certa antecedência em relação ao fim do bimestre ou do semestre. Se algum aluno não aprender, haverá uma folga. "Não faz sentido o professor fazer a revisão dos textos ou ilustrar um trabalho no lugar dos alunos porque o tempo acabou e é hora de concluir o projeto", diz Regina.
10. Inclusão: a escola leva o aluno com deficiência a avançar
Receber uma criança com deficiência não deve ser motivo de angústia. Cada vez mais a inclusão escolar tem sido discutida no meio educacional, e os professores hoje conseguem encontrar, em parceria com os pais, a coordenação da escola e os especialistas nas deficiências, caminhos seguros para trabalhar. "A escola serve para ampliar os conhecimentos dos estudantes. Por isso, o primeiro passo é procurar saber o que o aluno com deficiência já sabe e quais são as possibilidades que ele tem de aumentar esses conhecimentos", ressalta Maria Teresa Eglér Mantoan, da Universidade Estadual de Campinas. Procure descobrir como tem sido a experiência da criança, pesquisando seu histórico escolar e trocando informações com os pais e os professores das séries anteriores. Se ela estiver recebendo atendimento educacional especializado no contraturno em alguma instituição, é importante conversar com os especialistas ao longo de todo o ano para acompanhar seu desenvolvimento. Isso pode ajudar muito a planejar as aulas, definir estratégias e escolher os melhores materiais o que é bom não só para o aluno com deficiência mas para a turma toda. Se sua escola já oferece esse atendimento, a parceria com o professor especialista se dará de maneira ainda mais efetiva, pois o contato é diário. No caso de haver uma criança cega, esse profissional pode, por exemplo, ajudar você a elaborar materiais concretos para ensinar um conteúdo de Matemática (como figuras geométricas feitas em relevo, com tinta plástica ou sementes coladas no papel). "O professor deve receber essa criança como ele recebe todas as outras. Ela é, acima de tudo, um aprendiz", afirma Maria Teresa.
11. Matemática: interação entre os conteúdos é essencial
O melhor caminho para garantir o aprendizado da turma é relacionar os conteúdos matemáticos e mostrar como eles se complementam. Isso é o que dá significado ao estudo. Geralmente, os tópicos aparecem de forma fragmentada, como se não tivessem nenhuma ligação entre si. Na prática, é como ensinar multiplicação com o objetivo de fazer o aluno calcular mais rapidamente e de cabeça, sem fazer nenhuma relação com situações em que a operação é necessária. "O professor deve organizar os temas de forma que possam ser vistos como uma rede de significados", aponta Maria Sueli Cardoso, selecionadora do Prêmio Victor Civita. Por exemplo: em vez de pedir à turma apenas para calcular quanto é 2 x 4, é possível pedir para desenhar em um papel quadriculado duas colunas com quatro linhas. Assim todos perceberão que 2 x 4 é igual a 8 quadradinhos. Esse resultado significa também a área de um retângulo (com 2 unidades de altura e 4 de comprimento). Nesse tipo de atividade, estão relacionados multiplicação, figura geométrica e perímetro. "É sempre interessante que o aluno compreenda que um mesmo assunto pode ser estudado sob vários aspectos", diz Sueli.
12. Língua Portuguesa (1ªa 4ª): mais importância para a oralidade
Atividades de leitura e escrita aparecem muito nas primeiras séries do Ensino Fundamental. Mas e a oralidade, onde fica? Para Eliane Mingues, selecionadora do Prêmio Victor Civita, é importante criar situações em que as crianças utilizem as três práticas. Elas podem elaborar uma coletânea de contos ou poemas; um livro de receitas; ou o encarte de um CD com as canções preferidas da turma. Para fazer a coletânea de poemas, por exemplo, a garotada tem que ler, selecionar, recitar e escrever as poesias. Essas situações ensinam a leitura e a escrita e também a oralidade, o que será útil para a vida dentro e fora da escola. "Alunos que não vivem situações de fala formal em sala de aula podem demorar mais para construir esse conhecimento", afirma. Surge, assim, a dificuldade em se expressar, elaborar apresentações e criar argumentos sobre o que pensam. O mesmo vale para a dificuldade em anotar, pesquisar e resumir. "Quando as crianças já estão alfabetizadas, pode-se focar em atividades que dão mais autonomia em relação à leitura e à escrita, como a entrevista", sugere Eliane. A atividade proporciona uma situação comunicativa em que os alunos precisam escrever um texto de gênero específico para leitores reais e que será publicado no mural ou boletim da escola.
13. Língua Portuguesa (5ªa 8ª): gramática como uma ferramenta
É importante não separar o estudo das regras da língua da leitura e produção escrita. "A reflexão sobre os mecanismos da língua produz um aprendizado mais consistente quando é feita misturada ao ler e escrever", afirma o selecionador do Prêmio Victor Civita Ricardo Barreto. Para envolver a garotada no ensino da gramática, um bom caminho é associá-la a situações concretas. Transformar um texto formal em coloquial, comparando as palavras e as estruturas que foram alteradas, é um bom exercício. Escrever uma reclamação a uma autoridade e, em seguida, contar o fato a um amigo, também por carta, é outra
opção. "A idéia é levar o aluno a perceber as possibilidades da língua sem ter de decorar regras", diz Barreto. Ele destaca mais uma estratégia: fazer os estudantes pesquisarem as diferenças entre textos de diversos gêneros, como o de divulgação científica, a crônica e a notícia. Durante a leitura, eles acabarão comparando os elementos gramaticais utilizados em cada um. "Por fim, o professor pode solicitar ao aluno que escreva sobre o que aprendeu. Essa prática também estimula a reflexão sobre a língua."
14. Língua Estrangeira: as palavras precisam de contexto
Ninguém esquece sua língua materna quando aprende uma língua estrangeira. O que acontece é bem o contrário: quanto mais o aluno utiliza o conhecimento que adquiriu em sua vivência e sobre o próprio idioma, melhor entende uma segunda língua. Por exemplo: certa vez uma empresa lançou uma campanha publicitária com o slogan Put a tiger in your tank. "Para entender a mensagem, não basta saber o significado de cada palavra. É preciso conhecer uma série de elementos prévios", afirma a selecionadora do Prêmio Victor Civita Celina Bruniera. "Ajuda, por exemplo, conhecer as características do texto publicitário e saber que o tigre representa força e agilidade e que é o símbolo de uma distribuidora de combustível." Outro exemplo: lendo a palavra engaged isolada, o aluno terá mais dificuldade de entender seu sentido do que se vê-la na fechadura da porta de um banheiro público. "Se disserem a ele que, ao girar a fechadura, a palavra desaparece e, em seu lugar, surge vacant, será mais fácil concluir que vacant significa vago e engaged ocupado." Celina ressalta, no entanto, que, ao tentar tornar o ensino interessante, muitos professores se esquecem dos gêneros textuais e abusam de atividades lúdicas sem contextualização. Disso surgem palavras cruzadas e joguinhos que só ajudam a decorar palavras.
15. História: de olho no presente para transformar o futuro
Estudar história local com a turma é uma prática muito comum e pode ser uma experiência importante e enriquecedora desde que o resultado não se torne uma mera coletânea de curiosidades, hábitos e causos sobre o lugar e seus moradores. Por isso, ao pensar nos conteúdos que serão abordados durante o ano, é preciso levar em conta as respostas para algumas perguntas que você deve fazer a si mesmo: posso com isso contribuir para transformar minha região? Em que esse assunto ajudará meu aluno em sua vida diária e no seu processo de formação como cidadão? Como fazer com que ele tenha uma aprendizagem significativa? "Em cada contexto social, político e geográfico as respostas são diferentes. Portanto, só o professor tem reais condições de respondê-las e de formular as melhores propostas didáticas", diz o selecionador do Prêmio Victor Civita Daniel Helene. "O importante é levar os alunos a enxergar a realidade com um olhar crítico." No norte do Maranhão, por exemplo, algumas empresas usam mão-de-obra infantil. Por que não estudar a história local para compreender essa problemática? Em alguns municípios de Rondônia, na fronteira com a Bolívia, muitos estudantes discriminam os colegas vindos do país vizinho. Estudar a formação dessas cidades é um caminho para combater o preconceito. Ações como essas, baseadas em problemas que exigem solução imediata, tornam o ensino de História dinâmico.
16. Geografia: ela não está só nos mapas, mas também no cotidiano
Para que essa disciplina faça sentido desde a Educação Infantil, uma boa seqüência de conteúdos é fundamental. Caso contrário, conceitos como ordem, hierarquia e proporção — importantes para a área — não serão assimilados pelas crianças. Segundo Sueli Furlan, selecionadora do Prêmio Victor Civita, as primeiras noções de Geografia são adquiridas ainda na pré-escola. Para que a criança aprenda cartografia, por exemplo, deve-se partir do conhecimento prévio que cada uma delas possui. "Para calcular uma distância, os alunos podem usar objetos de diferentes tamanhos, passadas, o palmo ou um barbante", exemplifica. Dessa forma, ao chegar à 1ª série, eles já adquiriram conhecimento sobre espacialidade e hierarquia. Daí em diante, brincadeiras e jogos ajudam. No futebol, conhecer as posições dos jogadores faz a turma assimilar noções de perto, longe, ao lado, fora, dentro e lateral direita e esquerda. De 5ª a 8ª série, é hora de usar os mapas como fonte de informação para o estudo do mundo em que vivemos. Os alunos devem estudar como se produz a cartografia, quais são suas fontes de informação e qual o papel das cores, dos números e dos símbolos nos mapas.
17. Educação Infantil: o segredo é a autoconfiança do professor
Ouve-se muito que o professor de creche e de pré-escola não pode ser autoritário e que deve se basear no interesse da turma. Mas o verdadeiro responsável pela definição dos temas e das atividades a ser desenvolvidas é ele mesmo. Deixar a cargo dos alunos essa escolha não é sinônimo de liberdade nem demonstra uma postura pedagógica avançada. "O professor precisa conhecer o modo como as crianças aprendem e como se desenvolvem e levar isso em conta na hora de planejar cada aula", afirma a selecionadora do Prêmio Victor Civita Regina Gomes Sodré. Segundo ela, deve-se compartilhar com as crianças algumas etapas do trabalho — pois isso também ensina a estudar e a planejar —, mas sem deixar que elas tomem todas as decisões. Na construção de uma maquete, por exemplo, vale uma conversa com os alunos sobre o material a ser utilizado e sobre o que será representado, além de fazer com eles um cronograma, que será utilizado ao longo do trabalho. Esta é a melhor maneira de envolver as crianças e garantir o interesse pela aula: escolher temas adequados à faixa etária, que sejam relevantes do ponto de vista cultural, estejam relacionados ao local em que a escola está inserida e sejam propostos de forma instigante.
18. Educação Física: o programa vai além do conteúdo esportivo
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), as aulas de Educação Física devem trazer discussões sobre assuntos como ética, cidadania, respeito às diferenças e cooperação. O cuidado constante com essas questões é essencial e se aplica até mesmo durante um campeonato de futebol. Sempre os escolhidos para formar os times são os mais hábeis e competitivos. Ficam para trás aqueles que, por algum motivo, têm dificuldade para jogar. "Cabe ao professor discutir o problema claramente e perguntar por que foi escolhido este e não aquele aluno", afirma Paulo Henrique Nilo Monteiro, selecionador do Prêmio Victor Civita. "Essas respostas vão permitir a ele trabalhar a questão das diferenças, que não se restringem às habilidades físicas, mas que são também socioeconômicas e culturais." Discussões desse tipo podem fazer parte da vivência diária dos alunos. "Não adianta apenas falar sobre as diferenças e continuar propondo somente atividades clássicas, como os jogos esportivos", afirma Monteiro. Para ele, uma boa alternativa é trabalhar com os chamados jogos cooperativos, em que são valorizados elementos como aceitação, envolvimento, colaboração e diversão. "Joga-se com o outro e não contra o outro. Para alcançar os objetivos é preciso esforço e dedicação."
19. Ciências: sem a dúvida, a turma não avança no conhecimento
"A dúvida é, por excelência, o motor da ciência", afirma Maria Terezinha Figueiredo, selecionadora do Prêmio Victor Civita. "O questionamento deve fazer parte da aula do início ao fim." Em classe, enquanto os assuntos são trabalhados, você pode estimular os alunos a fazer também suas perguntas. Ao estudar a fotossíntese acompanhando a germinação de alguns feijões, por exemplo, experimente questionar a turma: o que tem dentro da semente? Por que comemos feijão? "Quando o professor estimula o aluno a elaborar perguntas, está instigando sua capacidade de enxergar o feijão de um jeito diferente do que é apresentado ali", afirma. A dúvida leva a criança a uma ação investigativa sobre o problema, aproximando-a do conhecimento. "Sem reflexão e investigação, a ciência não progride. Como pesquisar se não há algo a descobrir?", indaga Maria Terezinha. Ao se questionar, a criança verá que há inúmeras coisas que a ciência ainda não desvendou. "O professor precisa mostrar que muitos conceitos hoje aceitos são passíveis de mudança, pois a ciência é dinâmica."
20. Artes: uma disciplina que também se ensina e se aprende
As aulas de Artes não dependem do talento ou da sensibilidade dos alunos. A disciplina funciona como qualquer outra: existe um conteúdo, que pode ser ensinado — e aprendido por todos. Segundo a consultora Zá Marisa Szpigel, de São Paulo, um bom caminho é mesclar a visão tradicional do ensino da matéria (em que o estudante baseia seu trabalho em modelos já prontos) com a menos convencional (em que o professor valoriza a espontaneidade da criança para criar). Com base nessa interação, o professor propõe modelos e também cria situações para que o aluno utilize as próprias idéias para transformar as referências que possui. Ele pode, por exemplo, apresentar uma pintura famosa como referência. Ao pintar, a criança não deve, no entanto, fazer uma cópia fiel ou dominar as mesmas técnicas que o artista. O que vale é a criatividade. O aluno define quais materiais usar, se prefere trabalhar sozinho ou em grupo e quanto tempo necessita para as tarefas. Essas oficinas dão ao professor a chance de apresentar os conteúdos e ao mesmo tempo explorar as capacidades dos alunos sem cobrar deles uma produção artística primorosa. Todos têm a mesma oportunidade de criar, a seu modo, sem ser comparados. "Ao propor ao aluno desenhar uma paisagem, não se deve dizer de que modo ele fará isso ou que tom de verde usará na grama"