sábado, 13 de fevereiro de 2010

VARIAÇÃO LINGÜÍSTICA

VARIAÇÃO LINGÜÍSTICA
A idéia foi a seguinte: elaborar um plano de aula com textos de Maurício de Souza sobre a linguagem utilizada pelo personagem Chico Bento.
Primeira intenção ao escolher esse personagem era confrontar a fala do
Chico Bento que usa uma variedade de língua popular com o português que os alunos aprendem na escola e com suas próprias falas, já que a maioria era procedente da zona rural de município. O segundo motivo levado em conta na escolha desse personagem é o tipo de linguagem utilizada nas histórias, que mostra que o protagonista é o típico caipira do interior. A visão de caipira, como o menino que mora na roça, fala uma variedade de língua popular, anda descalço, conversa com os animais e gosta da natureza, é como se fosse uma comparação que o autor faz embasado em determinado período da História para os dias atuais. Ele usa uma maneira de falar semelhante a milhões de brasileiros do interior. Além do que dissemos, Maurício de Sousa retrata neste personagem, não somente o menino ingênuo do campo, como chama a atenção para as diferenças dialetais encontradas na cultura brasileira que são quase sempre vítimas de preconceitos.






Discutir com os alunos sobre as questões históricas e sócio-comunicativas que permeiam a questão da diversidade lingüística. Não existem formas de pronunciar mais corretas que outras e sim uma variação no modo de falar que difere conforme a época, a faixa etária, a localidade geográfica, a condição social/cultural, etc. Assim, entendemos que a língua é heterogênea e variada, e em nenhum lugar as pessoas falam da mesma forma. A variação lingüística é repercussão da variedade social, ou seja, a divisão social dá origem ao padrão popular e o culto que por sua vez tem reflexo na língua oral e escrita.

Deixasse claro para os alunos que essa maneira de pronunciar a vogal e como se fosse a vogal i é muito comum nos falares brasileiros e ocorre não somente na fala de pessoas que vieram do interior, mas também na fala de quem sempre viveu e vive nas grandes cidades e inclusive na fala de pessoas ditas “cultas” ou com muita escolaridade.
Na escrita de vo/vou e istudo/estudou, ocorreu um processo de monotongação, fenômeno que ocorre porque existe uma tendência na língua a reduzir o ditongo /ou/ em /o/, tornando assim as duas vogais semelhantes. Este fenômeno, também conhecido como assimilação, tem-se feito presente desde há muito tempo no português do Brasil e no de Portugal. Segundo Bagno (2004), há muito tempo que, o que se escreve /ou/ é pronunciado /o/, e ocorre tanto no português padrão como no português popular.
Na escrita de fala/falar houve um cancelamento da vibrante pós-vocálica /r/ em posição final de sílaba, fenômeno que também é muito comum entre os falantes do português brasileiro, nos falares de todas as classes sociais.
Esses exemplos mostram que as variantes lingüísticas não acontecem sozinhas, mas há um conjunto de fatores que interfere e privilegia ou não a variedade lingüística utilizada pelo aluno, como por exemplo: padrão de vida, cultura, escolarização, status social etc. A escola preserva muito as formas de prestígio ou padrão, e assim sendo, impõe regras e normas para o aluno mudar completamente sua forma de falar e escrever, sempre prestigiando a forma padrão, em detrimento da variedade do aluno.
Porém a forma de falar do aluno preserva também a sua identidade. Nesse sentido, o professor precisa ir além de um trabalho que se limite aos aspectos formais. É necessário que haja também uma reflexão acerca de outros fatores, dentre os quais, os fatores históricos, sociais, geográficos, econômicos, questões de gênero, de preconceito, de norma lingüística, entre outras.

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Cada região tem seus falares, cada grupo sociocultural tem o seu. Pode-se até afirmar que cada cidadão tem o seu. A essa característica da Língua damos o nome de variação linguística.

Toda língua muda com o tempo. Basta lembrarmos que do latim, já transformado, veio o português, que, por sua vez, hoje é muito diferente daquele que era usado na época medieval.

Conteúdo:
Variedades sintáticas, morfológicas, fonéticas e lexicais na língua portuguesa;

Variações lingüísticas: geográficas, socioculturais e históricas;

Adequação lingüística;

Língua culta, familiar e popular: características e diferenças.

Tópico gramatical: emprego dos porquês.


Duração: 4 horas/aula


Objetivos:

Refletir sobre variações lingüísticas, identificando diferenças sintáticas, morfológicas, fonéticas e lexicais.

Compreender que a língua, por seu caráter mutável e heterogêneo, sofre variações geográficas, históricas e socioculturais que redimensionam o uso da língua e interferem nas práticas de interação social.

Ampliar as discussões sobre a adequação da língua a situações comunicativas diversas.

Distinguir língua culta de língua familiar e de língua popular, identificando suas características e aplicabilidade nas situações de comunicação que envolvem o profissional do Direito.

Desenvolver reflexões sobre tópicos específicos da gramática (uso dos porquês) de modo inter-relacionado para ampliar competências no uso da língua.

Promover o domínio do uso dos porquês, reconhecendo o uso das palavras conforme a leitura e a situação comunicativa.

Contribuir, através do compreensão e domínio gramatical dos porquês bem como da distinção entre variações lingüísticas e adequação lingüística, para a formação de um leitor e redator eficiente.


Metodologia:

Aula expositivo-dialogada.

Exercícios.

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