domingo, 27 de fevereiro de 2011

Artigo instruir para não punir

A intuição é o momento de interiorização quase “mágico”, mas não sobrenatural, em que nos esvaziamos dos nossos preconceitos para ver o que não é perceptível aos olhos, para compreender o que é intangível, o que está nos bastidores.
Infelizmente, muitos pais, mães e professores só sabem julgar o comportamento dos jovens. São mestres em apontar falha, em ver o que é visível. Eles cometem gravíssimos erros porque não perscrutam intuitivamente o interior dos seus filhos e alunos. Não descobrem o que está por trás de suas irritações, rebeldia ou comportamento alienado. Quanto mais os criticam, mais os perdem.
Nesta linha de reflexão, recomendo o filme Escritores da Liberdade. Esse longa-metragem retrata a história de uma turma de alunos de uma escola nos Estados Unidos, onde os discentes eram discriminados por serem pobres, negros e por residirem em bairros de periferia.
A direção da escola e os professores tratavam os alunos como um caso perdido. Contudo, uma recém chegada professora foi designada para lecionar a estes estudantes. Não demorou muito para ela perceber que eles (os alunos) precisavam ser escutados, amados, valorizados, abraçados...
Nessa escola faltava a pedagogia da intuição, do abraço, do coração... Este episódio fez recorda-me Dom Bosco: “Em todo jovem mesmo no mais infeliz, há um ponto acessível ao bem e a primeira obrigação do educador é buscar esse ponto, essa corda sensível do coração e tirar bom proveito”.
A intuição surge através de um mergulho intrapsíquico, quando abrimos ao máximo as janelas para procurar compreender multifocalmente uma pessoa.
A intuição alicerça o raciocínio esquemático, promove a inspiração, a dedução e a indução. Albert Einstein confessou que a intuição foi a mola propulsora de sua teoria. A intuição fez profícuo Freud, Jung e outros... Sem ela os filósofos seriam estéreis, os músicos improdutivos. Para Foucault, a intuição dá a cada indivíduo a sua originalidade e subjetividade.
Pais e professores que passam os mesmos sermões fazem a mesma crítica, usam sempre o mesmo tom de voz podem ser substituídos por um computador, um robô. Mas, os pais, as mães e os educadores que usam a intuição para enxergar por múltiplos ângulos seus filhos e alunos, a fim de libertar sua criatividade e estimular a arte de pensar, são insubstituíveis...
Lenildo Santana da Silva é padre da Diocese de Juína (MT), licenciado em Filosofia, bacharel em Teologia e pós-graduado em Comunicação Social pelo Sepac/PUC-SP. Leciona Filosofia e História na Escola Estadual Dr. Artur Antunes Maciel – Juína –MT. E-mail: lenildosantana@yahoo.com.br


1 comentários:

Antonio Costa Neto disse...

Adorei ter encontrado este blog e estou muito feliz com a oportunidade de trocar ideias com vcs. Estudo educação, publico, pesquiso, chafurdo tudo e estou a cada dia mais decepcionado. Hoje, como diretor acadêmico de uma Universidade importante em Brasília é que posso ver de perto o quanto os professores são resistentes, ingênuos, fracos, bobinhos, coitados. Claro que não todos, mas a vasta maioria. Minha tese é que a educação formal foi inventada para alienar as pessoas e como diz Rubem Alves, para "domesticar o gênio." Tento fazer o que posso nesta luta insana e louca. Mas, tudo é muito pouco. Gostaria de contar com vcs. Visitem o mudandoparadigmas. Troquemos ideias. E afetos.
Antonio da Costa Neto - Brasília-DF
antoniocneto@terra.com.br

Postar um comentário